O uso de modelos matemáticos na definição de lotes econômicos para reduzir custos e aumentar a eficiência operacional
14 nov 2023 às 14:08 - 1198 Visualizações
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Nos artigos anteriores, falamos sobre o que são lotes econômicos (LE) e a importância de determiná-los corretamente, além de trazer desafios que podem ser encontrados na definição dos LE, e como superá-los. Ao final do último artigo, foi comentado que uma das formas de superar as dificuldades na hora de definir o lote econômico ideal poderia ser a utilização de modelos matemáticos.
Tais modelos são usados como suporte para determinar os lotes econômicos, auxiliando na obtenção de maior precisão no resultado, evitando-se assim ter lotes mal definidos que podem causar excesso ou falta de mercadorias em relação ao LEC (lote econômico de compra), além de produção excessiva ou falta de capacidade para suprir a demanda quando o assunto é o LEP (lote econômico de produção).
Mas o que são Modelos matemáticos?
Em resumo, modelos matemáticos são representações simplificadas de sistemas ou fenômenos do mundo real, que usam equações e outras técnicas matemáticas para descrever como esses sistemas ou fenômenos se comportam. Tais modelos podem ser usados para prever o comportamento futuro do sistema ou para entender como ele se comporta atualmente.
E por que usamos eles na definição de lotes econômicos?
Por dois motivos principais, primeiramente porque modelos matemáticos nos ajudam a entender melhor as demandas, então por meio deles é possível obter uma melhor e mais confiável previsão de demanda. Tal fato promove um melhor conhecimento do que comprar e produzir num determinado período, possibilitando reduções em eventuais margens de segurança se comparado à um sistema sem este tipo de previsão, ou ainda uma previsão feita apenas de forma qualitativa.
Além disso, quando aplicados em lotes econômicos, os modelos matemáticos usam equações para encontrar o ponto em que o custo de fazer um pedido é igual ao custo de mantê-lo em estoque em um nível constante.
Esses modelos podem ser usados para ajudar as empresas a economizarem em custos de processamento e transporte de pedidos, reduzir a frequência de pedidos e manter o estoque em um nível adequado para atender à demanda do cliente. Eles também podem ser atualizados regularmente para levar em consideração as mudanças na demanda, no custo do produto e em outras variáveis, ajudando a garantir que a empresa mantenha a eficiência operacional e a rentabilidade ao longo do tempo.
Possuímos diversos tipos de modelos matemáticos, cada um utiliza diferentes equações e métodos de cálculo para determinar o tamanho ideal do lote econômico. A escolha do modelo apropriado dependerá da natureza dos produtos, das restrições operacionais e dos objetivos da empresa. Os modelos mais difundidos e utilizados, são o modelo EOQ (Economic Order Quantity) e o modelo da Curva ABC, a explicação de ambos se encontra a seguir:
Modelo de lote econômico básico (EOQ - Economic Order Quantity): É o modelo mais comum e amplamente utilizado para determinar o tamanho ideal do lote econômico. É o mais defendido entre diversos autores da área (Corrêa, Gitman, Viana), onde defendem que o valor ótimo do Lote Econômico corresponde à quantidade de material do qual o custo de estocagem é igual ao custo com pedidos, isto é, do montante que representa a opção mais viável economicamente para a compra do material em análise.
A equação a seguir indica o cálculo para o lote econômico de compra:
Com os seguintes dados:
Podemos ver a representação de como funciona esse modelo abaixo:
Onde com um LEC muito grande, o custo unitário do pedido diminui, porém o custo de manutenção aumenta, junto ao custo total. E o inverso ocorre com lotes pequenos, onde temos um baixo custo de manutenção, mas um alto custo por pedido, devendo buscar o ponto de equilíbrio entre ambos.
Modelo de lote econômico pela Curva ABC: O modelo pela Curva ABC se baseia no método anterior, porém busca classificar os produtos em estoque antes de fazer o cálculo do LEC. De acordo com Moreira (2011), gerenciar os mais diversos itens do estoque com o mesmo método e a mesma atenção pode ser muito custoso, dessa forma é importante dar atenções diferenciadas a determinados itens. Para o autor, a metodologia ABC pode ser aplicada em qualquer classificação de itens.
Nesse caso, os itens de categoria A são os mais importantes em termos de valor ou impacto financeiro, contribuindo com pouca quantidade para o estoque, porém com um grande valor, enquanto os de menor importância não possuem um grande valor para a organização.
Sendo assim, é interessante trabalhar com o cálculo separado de cada categoria, já que os custos unitários de pedidos, e o custo de estocagem, acabam tendo bastante diferença.