A gestão de MP (matéria prima) sempre foi um grande desafio das indústrias. Balancear o estoque de MP não é uma tarefa fácil, tendo em vista que diversas são as variáveis que impactam diretamente no consumo de material.
Sabemos que possuir um elevado nível de estoque para evitar rupturas na programação devido sua possível falta é inviável pelo seu elevado custo. Desta forma, trabalhar somente com o estoque necessário se torna uma opção economicamente mais atrativa.
Porém quando trabalhamos com valores mínimos, devemos ser cautelosos para não gerarmos ruptura neste fornecimento, o que pode ocasionar outros impactos negativos, tais como:
Para balancearmos adequadamente os estoques de matéria prima é mandatório que exista um bom planejamento de demanda e produção futuro e, para isso, é preciso que alguns processos estejam estruturados, mais precisamente os processos de previsão de vendas (demanda) e o planejamento mestre de produção.
Mas o que é a previsão de vendas?
Normalmente o rumo das empresas é projetado em cima das previsões, sendo a previsão da demanda a principal delas. A responsabilidade desta tarefa pertence ao time de Marketing, que utiliza algumas técnicas e históricos para fazer esta projeção.
Esta previsão é a base para o planejamento estratégico da produção, vendas, e finanças das empresas.
A partir da previsão de vendas, aliada à carteira de pedidos, as empresas podem desenvolver os planos de capacidade, fluxo de caixa, vendas, produção, estoques, mão de obra, compras e etc.
Desta forma, as previsões são usadas pelo PPCP em dois momentos distintos: para planejar o sistema produtivo e para planejar o uso deste sistema produtivo.
No primeiro momento, previsões agregadas de longo prazo são utilizadas para elaborar de forma estratégica o plano de produção, estabelecendo qual família de produtos e serviços oferecer ao mercado, de quais equipamentos dispor, em que nível de atividade trabalhar, que qualificação de mão de obra buscar e etc.
No segundo momento, previsões detalhadas de médio e curto prazo são empregadas para o planejamento mestre de produção (MPS, Master planning scheduling) e programação da produção no sentido de utilizar os recursos disponíveis, envolvendo a definição de planos de produção e armazenagem, planos de compras e reposição de estoques, planos de cargas e mão de obra e sequenciamento da produção.
Como podem observar, este assunto é extremamente amplo, porém MPS e programação são os dois principais pontos que gostaria de focar neste artigo para responder à questão proposta.
O Planejamento Mestre de Produção (MPS)
O MPS é responsável por desmembrar os planos produtivos estratégicos de longo prazo em planos específicos de produtos acabados para o médio prazo, no sentido de direcionar as etapas de programação e execução das atividades operacionais da empresa (montagem, fabricação e compras). A partir do MPS a empresa passa a assumir compromissos de montagem dos produtos acabados, fabricação das partes manufaturadas internamente, e da compra dos itens e matérias primas produzidas por fornecedores externos.
Como resultado do planejamento mestre de produção se tem um plano, chamado de plano mestre de produção (PMP), que formalizará as decisões tomadas quanto a necessidade de produtos acabados para cada período analisado (meses, semanas). Ou seja, é extremamente provável que o planejamento não vai estar 100% correto, dado o longo horizonte de planejamento e a quantidade de variáveis inseridas, porém é fundamental que possua o mínimo de erros possíveis.
Observe que erros neste plano certamente promoverão a falta ou excesso de recursos, produtos, MP entre outros, ou seja, perda de competitividade.
Desta forma, conseguimos enxergar o quão importante é elaborar um plano mestre de produção de qualidade, alinhando a demanda com a capacidade.
Entretanto, o plano mestre não é a última etapa para garantirmos a disponibilidade de materiais. Ainda é necessário realizar a programação da produção.
Entendendo a Programação da Produção
Com base no Plano Mestre de Produção, a Programação da Produção fica responsável de estabelecer quanto e quando comprar, fabricar cada item ou parte necessária para a montagem de um produto acabado.
Nesta etapa, são emitidas as ordens de produção que serão programadas e enviadas para a fábrica, normalmente em um horizonte de horas, turnos, dias, semanas... Ou seja, em um espaço mais curto de tempo.
Programar a fábrica com produtos que não possuem MP em estoque, ou que a data prevista de chegada desta MP está posterior a sua programação certamente irão gerar rupturas, pausas não programadas entre outras grandes perdas.
Uma dessas perdas é o fato de produzir uma peça que não era necessária naquele momento, tendo em vista que seu prazo de entrega que poderia ser posterior a de outros produtos com urgência maior, por exemplo. A MP usada no processo deste produto pode fazer falta para a produção de um item que era mais prioritário naquele momento.
Como pode-se perceber, alinhar necessidade e disponibilidade de materiais envolve diferentes processos dentro de uma indústria, desde a previsão de vendas, passando pelo planejamento mestre de produção até chegar a programação da produção.
Quanto mais assertiva a indústria for nestes processos menores serão os níveis de estoques que ela deverá manter ao longo de sua cadeia para garantir o volume de produção e consequentemente o atendimento da demanda. Logo mais enxuta, eficiente e competitiva ela será.
Sobre o Autor
João Paulo Cadorin
Gerente de Contas na Lean Scheduling Brasil