Hoje sabemos que, com poucas exceções, os sistemas ERP assumem que os recursos adequados estarão disponíveis quando necessário, ou seja, os recursos possuem capacidade infinita. Sistemas ERP têm um “explodidor” de listas técnicas e dados de controle de estoque e normalmente recebem pedidos por produtos, calculam os componentes necessários e definem quando começar a produzi-los baseado em lead-times individuais, talvez adicionando correções nos tempos em função de filas. A capacidade real não é levada em conta e, estando os recursos sobrecarregados ou não, o mesmo lead-time será usado para calcular a data de início.
Por esse motivo, muitos planejadores e / ou programadores de produção desenvolvem soluções próprias baseadas em planilhas para equilibrar capacidade e demanda. Soluções baseadas em planilhas ajudam muito, sem dúvida! Entretanto, são demoradas, suscetíveis a erros e raramente capturam o conhecimento tribal necessário para enfrentar os desafios diários relacionados à necessidade de replanejar e reprogramar a produção devido às mudanças na demanda, pedidos urgentes, quebras de máquinas, problemas de qualidade, falta de materiais, ausência de funcionários, entre outros fatores.
Os sistemas APS
Disponíveis há muitos anos, os sistemas APS (Advanced Planning & Scheduling) são as soluções adotadas pelas empresas para aprimorar as funcionalidades do ERP e, ao mesmo tempo, superar os limites impostos pelas planilhas.
Para obter sucesso, três fatores importantes devem ser observados:
Capacidade de modelar com precisão as operações de uma planta (usando programação de capacidade finita).
Integração do sistema de programação com outras aplicações.
Geração frequente de novas programações.
A capacidade finita é parte integrante de qualquer sistema APS e, para que seja utilizado com sucesso, deve ser integrado a outros aplicativos como o ERP, deve ter recursos poderosos de modelagem e deve ser executado com rapidez suficiente para gerar novas programações e reprogramações regularmente.
Substituir módulos ERP X potencializar a solução
Existem dois tipos de produtos APS no mercado. Sua escolha terá um impacto significativo no dinheiro que você investirá e no tempo que levará para implementar. Algumas soluções APS substituem parcialmente a funcionalidade em seu sistema ERP existente, enquanto outras soluções potencializam o seu sistema ERP existente para que ele adquira as funcionalidades APS.
Com a primeira opção, o sistema ERP tem uma função subserviente ao APS, com estruturas de BOM, controle de estoque, regras de agregação etc., sendo mantidos no APS, bem como a funcionalidade de capacidade finita. Como efeito, dados semelhantes são mantidos no APS e no ERP. Este último é deixado para lidar com questões contábeis, como envio de pedidos, faturamento e contas.
O problema neste caso é a que a sincronização de dados entre os pacotes APS e ERP serão maiores, levando a tempos de implementação prolongados e, naturalmente, mais caros. Além disso, o APS deve ter funcionalidade cliente-servidor, pois está substituindo o sistema ERP cliente-servidor. Desta forma, sua empresa pagará centenas de milhares para substituir o que você já possui.
Atravessar o abismo do ERP para o APS usando essa abordagem geralmente está além das capacidades financeira e técnicas de sua empresa para que seja executado adequadamente podendo fazer com o que o sistema acabe em desuso.
A alternativa é usar uma solução que se concentre no problema real, a programação, que pode usar os dados fornecidos pelo ERP para fornecer a resposta para sincronizar o fornecimento de materiais com um modelo finito adequado do ambiente de produção. Essa alternativa fornece a ponte para atravessar o abismo entre o ERP e o APS.
Ele "habilita" ao invés de substituir o ERP e seus custos são significativamente menores para aplicar e instalar.
O sistema ERP retém as estruturas da lista técnica, explosão, roteiros e controle de estoque, enquanto o APS lida com os problemas associados à alocação de materiais entre pedidos agregados e o utiliza como parte da função de programação, para que as restrições incluam não apenas as máquinas, mão-de-obra e ferramentas, mas também as restrições associadas à disponibilidade de materiais nos níveis de estoque bruto, intermediário e acabado.
A vantagem dessa abordagem é que você aproveita ao máximo o conhecimento e o foco de 'especialista' dos fornecedores de aplicativos pontuais, o fornecedor do APS, mas ainda usa o sistema ERP existente.
A chave para uma aplicação bem-sucedida, como já aprendemos, é ter um modelo preciso da fábrica, permitindo programações precisas e viáveis que podem ser geradas em um tempo razoável e totalmente integrados a outros sistemas. A sincronização de dados é muito mais simples, pois todos os dados vêm de uma fonte e a comunicação entre o APS e o ERP pode ser feita de fato usando as ferramentas de prateleira disponíveis hoje, como ODBC, COM, DCOM, etc.
Portanto, quando estiver avaliando atravessar o abismo do ERP para APS, faça a si mesmo uma simples pergunta:
É necessário que eu jogue fora meu banco de dados existente e inicie novamente ou eu posso encontrar a aplicação certa que preencha a lacuna na funcionalidade que preciso?
Responder esta questão pode preveni-lo de cair em um buraco muito maior ao tentar atravessar o abismo do ERP para o APS.
Sobre o autor: Marco Antonio Baptista MOM Channel Leader in Americas at Siemens Digital Industries Software.
Possui mais de 20 anos de experiência em processos, projetos e ferramentas para o planejamento e programação de produção (APS).