A gestão da cadeia de suprimentos é uma das áreas mais importantes para o sucesso das empresas em todo o mundo. O uso de tecnologias e soluções adequadas é fundamental para garantir que a empresa tenha uma produção eficiente, que atenda às necessidades dos clientes e seja competitiva no mercado.
Nesse sentido, duas soluções que se destacam são o APS (Advanced Planning and Scheduling) e o MRP (Material Requirements Planning). Embora possam parecer semelhantes, essas soluções têm abordagens diferentes e podem ser complementares para uma gestão mais eficiente da cadeia de suprimentos. Antes da criação do MRP e do APS, a indústria enfrentava grandes desafios na gestão de seus processos produtivos e da cadeia de suprimentos. A produção era baseada principalmente na intuição e na experiência dos gestores, o que muitas vezes resultava em estoques elevados e falta de planejamento adequado para atender à demanda dos clientes.
A falta de controle efetivo sobre os estoques e a produção resultava em atrasos na entrega dos produtos, custos elevados com armazenamento e obsolescência de materiais. Além disso, a falta de informações precisas sobre a demanda dos clientes dificultava a tomada de decisões em relação à produção e à compra de insumos.
Desde a década de 1960, o Material Requirements Planning (MRP) tem sido um sistema de planejamento de produção fundamental para muitas empresas de manufatura. Com o tempo, o MRP foi evoluindo e abriu espaço para outras soluções específicas como o Advanced Planning and Scheduling (APS), que procura trazer uma solução mais avançada e sofisticada para o planejamento de produção.
A história do MRP pode ser dividida em várias fases distintas, começando com o MRP I na década de 1960, seguido pelo MRP II na década de 1980, o Enterprise Resource Planning (ERP) final da década de 1980 e início da década de 1990 e o APS na década de 1980. Cada fase da evolução do MRP trouxe melhorias significativas para o planejamento de produção e o controle de estoque.
O MRP I foi o primeiro sistema de planejamento de produção a utilizar computadores para gerenciar o estoque e a produção de materiais. Ele usava uma abordagem "explosiva" para determinar as necessidades de materiais, ou seja, desmontava a lista de produtos acabados em seus componentes e calculava as necessidades de materiais com base na demanda por esses produtos.
O MRP II, desenvolvido nos anos 1980, expandiu o escopo do MRP I para incluir o planejamento de recursos de manufatura e o controle de produção. O MRP II incluía recursos adicionais, como planejamento mestre de produção, programação de máquinas e gerenciamento de estoque.
O ERP, desenvolvido nos anos 1990, integrava as informações e processos de negócios de várias áreas da empresa, como finanças, vendas, compras e produção, em um único sistema. Isso permitiu uma visão completa de todas as operações da empresa, permitindo uma melhor gestão dos recursos e tomada de decisões mais informadas. Por fim, o APS, desenvolvido nos anos 1980, usa algoritmos sofisticados para otimizar o planejamento e a programação da produção. Ele considera vários fatores, como demanda do mercado, capacidade da fábrica, disponibilidade de materiais e mão de obra, para criar um plano de produção mais eficiente e rentável.
As principais diferenças entre o APS e o MRP estão na sua abordagem em relação ao planejamento da produção e na sofisticação de suas funcionalidades.
Enquanto o MRP é mais focado na gestão de materiais, o APS leva em consideração fatores como a disponibilidade de mão de obra e máquinas, para criar um plano de produção mais eficiente e preciso. O MRP permite que as empresas controlem seus estoques de materiais de maneira mais eficiente, garantindo que haja materiais suficientes para atender à demanda de produção. Já o APS vai além disso e utiliza algoritmos avançados para criar um plano de produção mais eficiente e rentável.
Outra diferença significativa é a abrangência do planejamento. Enquanto o MRP se concentra no planejamento de materiais para atender a uma determinada demanda de produção, o APS é capaz de planejar e programar toda a produção, levando em consideração a disponibilidade de recursos e a capacidade da fábrica, fornecendo uma visão completa e integrada de todas as operações da empresa.
Em resumo, enquanto o MRP é uma solução eficaz para gestão de materiais, o APS é uma solução mais avançada e abrangente que leva em consideração vários fatores para criar um plano de produção mais eficiente e rentável. Ambas as soluções têm seu lugar na gestão da produção, mas o APS é mais sofisticado e abrangente em termos de funcionalidade e pode ser visto como uma evolução natural do MRP para uma solução de planejamento de produção avançada.
Além das diferenças já mencionadas, o APS e o MRP também diferem em termos de como eles lidam com a incerteza e a variabilidade.
O MRP é baseado em previsões de demanda e no uso de modelos matemáticos para calcular as necessidades de materiais. Isso significa que, se a demanda real não corresponder às previsões, o MRP pode resultar em um excesso ou falta de materiais. Isso pode levar a atrasos na produção, aumento dos custos e insatisfação do cliente.
O APS, por outro lado, leva em consideração a incerteza e a variabilidade da demanda e dos recursos disponíveis. Ele usa algoritmos avançados para simular diferentes cenários e criar um plano de produção que leve em consideração diferentes variáveis e restrições. Isso permite que as empresas planejem com mais precisão e reajam de maneira mais rápida a mudanças nas condições do mercado.
No entanto, o APS e o MRP não são mutuamente exclusivos. Na verdade, eles se complementam e podem ser usados em conjunto para uma gestão mais eficiente da produção.
Por exemplo, o MRP pode ser usado para determinar as necessidades de materiais com base em previsões de demanda, enquanto o APS pode ser usado para criar um plano de produção que leve em consideração a disponibilidade de recursos e a capacidade da fábrica. Isso permite que as empresas ajustem seus planos de produção de acordo com as mudanças nas condições do mercado e minimizem o risco de excesso ou falta de materiais.
Em resumo, o APS e o MRP têm abordagens diferentes para a gestão da produção, mas podem ser usados em conjunto para uma gestão mais eficiente e adaptável. Juntos, eles podem ajudar as empresas a criar planos de produção mais eficientes e reativos às mudanças do mercado.
À medida que a tecnologia continua a evoluir, é provável que novas inovações surjam na área de planejamento e controle da produção, permitindo que as empresas sejam ainda mais eficientes e lucrativas.
Você pode entender um pouco mais sobre essas ferramentas falando com um de nossos consultores clicando aqui.
Leia mais em:
O que é APS?
Como os algoritmos de otimização podem ser usados na Programação Fina da Produção
Como a Programação Fina da Produção interfere na eficiência operacional e na satisfação do cliente
O que é Programação Fina da Produção?
Bibliografia:
· CHENG, T. C. E.; PODER, J.; YANG, J. B. Applying advanced planning systems in manufacturing. Journal of Manufacturing Technology Management, v. 15, n. 7, p. 568-577, 2004.
· FLEISCHMANN, B.; VAN NUNEN, J. A. E. E.; GRAVE, B.; GÜNTHER, H. Supply chain management and advanced planning - basics, overview and challenges. European Journal of Operational Research, v. 163, n. 3, p. 575-588, 2005.
· LAURINDO, F. J. B.; MESQUITA, M. A.; SACOMANO NETO, M. Advanced planning systems and supply chain management. Production, v. 14, n. 1, p. 34-46, 2004.
· MOURA, R.; GOMES, C. F. S. Advanced planning systems: a literature review. International Journal of Production Research, v. 50, n. 19, p. 5328-5345, 2012.
· WANG, X.; CHENG, T. C. E.; CHUNG, S. H. Advanced planning and scheduling systems in manufacturing and supply chain management: a review. International Journal of Production Research, v. 54, n. 23, p. 6917-6934, 2016.
Sobre o autor:
Lucas Ciello
Consultor APS da LSB